O golpe civil-militar será
anunciado via Twitter?!
Por Bruno Costa
Cinquenta e quatro anos após
o golpe civil-militar de 1964 e praticamente dois anos após o golpe
parlamentar, jurídico, empresarial e midiático de 2016, a sociedade brasileira
se vê ameaçada por um novo golpe civil-militar, reivindicado por generais de
pijama e subliminarmente cogitado por generais da ativa, mais uma vez sob
influência estrangeira.
A crise das instituições
republicanas - agravada sobremaneira pelo processo de ruptura democrática que
sequestrou a soberania do voto popular -, a crise da segurança pública e o
combate à corrupção conformarão o mote dos milicos, que ainda não toleram
conviver com um minimum democrático e ainda não engoliram a Comissão da
Verdade, mesmo esta não tendo sido capaz de punir os assassinos e torturadores.
As aproximações sucessivas
envolvem o ativismo político não reprimido, operações GLO, a intervenção
militar no Rio de Janeiro e o controle tácito do Supremo Tribunal Federal,
induzido a desrespeitar a Constituição Federal e a permitir a prisão ilegal do
ex-presidente Lula.
Somente uma ampla e unitária
mobilização popular pode afastar a ameaça de um novo golpe civil-militar, e
para que esta mobilização ocorra é necessário desde já se constituir uma frente
única em defesa da democracia e contra a ascensão do fascismo, que seja capaz
de resgatar da sonolência todas as brasileiras e todos os brasileiros que
defendem o poder da voz em detrimento do silêncio, o poder das ideias em
detrimento das armas, o poder do voto em detrimento da tirania, o poder da
liberdade em detrimento da masmorra.
O Presidente da República,
ilegítimo, não tem autoridade política para dividir ou conter as forças
armadas, no máximo para suplicar clemência. A Presidente da Suprema Corte,
apequenada, não tem coragem nem compromisso com a Constituição para denunciar
internacionalmente o avanço dos coturnos. O Presidente do Congresso Nacional,
por sua vez, dispensa comentários.
Cabe às forças democráticas
do nosso país a tarefa de conter o avanço do fascismo, esteja ele fardado ou
não. Ou ocupamos as ruas para escrever o futuro do Brasil ou as ruas serão
ocupadas por jovens militares que aprenderam a ser idólatras do torturador
Brilhante Ustra.
Não podemos esperar que o
comandante do Exército anuncie a movimentação das tropas via Twitter, à moda
Donald Trump. É hora de honrar a memória do estudante Edson Luís e de tantos
outros lutadores e lutadoras que tombaram combatendo a ditadura.
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