Haddad divulga carta ao povo evangélico
Haddad relembra que, desde as
eleições de 1989, o medo e a mentira são semeados entre o povo cristão contra
candidatos do PT, e pede justiça
16/10/2018 17h44 -
atualizado às 22h27
Ricardo Stuckert
Fernando Haddad
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O Senhor odeia os lábios mentirosos, mas se deleita com os que falam a
verdade. Provérbios 12:22
Quero me dirigir diretamente ao povo
evangélico neste momento tão decisivo da vida de nosso Brasil, cujo futuro será
decidido democraticamente nas urnas do próximo dia 28.
Para estar no segundo turno, tive que
vencer uma agressiva campanha baseada em mentiras, preconceitos e especulações
massivamente espalhadas pelo Whatsapp e outras redes sociais,
contra mim e minha família.
“Estas seis coisas o Senhor odeia, e
a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam
sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se
apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que
semeia contendas entre irmãos.” (Provérbios 6:16-19)
Desde as eleições de 1989, o medo e a
mentira são semeados entre o povo cristão contra candidatos do PT. Comunismo, ideologia de gênero, aborto,
incesto, fechamento de Igrejas, perseguição aos fiéis, proibição do culto: tudo
o que atribuem ao meu futuro governo foi usado antes contra Lula e Dilma. As peças veiculadas, de baixo nível,
agridem a inteligência das pessoas de boa vontade, que não se movem pelo ódio e
pela descrença.
“Ó Deus, a quem louvo, não fiques
indiferente, pois homens ímpios e falsos, dizem calúnias contra mim, e falam
mentiras a meu respeito.” (Salmos 109:1-2). Que provas tenho a oferecer para
desmentir quem usa meios tão baixos para enganar, fraudar a vontade popular?
Minha vida, em primeiro lugar: sou
cristão, venho de família religiosa desde meu avô, que trouxe sua fé do Líbano
quando migrou para o Brasil para construir vida melhor para sua família. Sou
casado há 30 anos com a mesma mulher, Ana Estela, minha companheira de jornada
que criou comigo dois filhos, nos valores que aprendemos com nossos pais. Sou
professor, passaram por minhas mãos milhares de jovens com os quais aprendi e
ensinei meus sonhos de um Brasil digno e soberano.
Minha vida pública, em segundo lugar:
minha atuação, como Ministro da Educação e como Prefeito de São Paulo,
fala por mim. Abri as portas da educação para os mais pobres, das creches – nas
quais o governo federal passou a investir pesadamente em minha gestão – à
Universidade. Antes do Pro-Uni, do FIES sem
fiador, do ENEM, da criação de vagas em instituições públicas e gratuitas de
ensino e das cotas raciais, o ensino superior era
inacessível para jovens negros, trabalhadores e da periferia. Busquei humanizar
a metrópole que me foi confiada, buscando inovações para ampliar os direitos, à
moradia, à mobilidade
urbana, ao meio ambiente sadio,
à convivência fraterna.
Sempre contei, no MEC ou na Prefeitura de São
Paulo, com a parceria com todas as denominações religiosas. Tratei a
todas de forma igualitária. Os governos Lula e
Dilma, bem como nossos governos estaduais e municipais, sempre reconheceram
dois pilares do Estado democrático: é laico e, como tal, não privilegia nem
discrimina ninguém em razão de sua religiosidade. Nenhuma Igreja foi
perseguida, o direito de culto sempre foi assegurado, a liberdade de expressão
também.
Nenhum dos nossos governos encaminhou
ao Congresso leis inexistentes pelas quais nos atacam: a legalização do aborto,
o kit gay, a taxação de templos, a proibição de culto público, a escolha de
sexo pelas crianças e outras propostas, pelas quais nos acusam desde 1989,
nunca foram efetivadas em tantos anos de governo. Também não constam de meu
programa de governo.
“Acautelai-vos quanto aos falsos
profetas. Eles se aproximam de vós disfarçados de ovelhas, mas no seu íntimo
são como lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. É possível alguém
colher uvas de um espinheiro ou figos das ervas daninhas? Assim sendo, toda
árvore boa produz bons frutos, mas a árvore ruim dá frutos ruins.” (Mateus
7:15-17).
Os frutos que quero legar ao Brasil
como Presidente são a justiça e
a paz. Emprego para milhões
de desempregados e desempregadas poderem sustentar com dignidade suas famílias.
Salário justo, com direitos que foram eliminados pelo atual governo e que serão
trazidos de volta com a anulação da reforma trabalhista,
e o direito à aposentadoria, ameaçado pela reforma da Previdência apoiada pelo atual governo e
meu adversário. “Aprendei a fazer o bem; procurai o que é justo; ajudai o
oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.” (Isaías
1:17)
Quero governar o Brasil com diálogo e
democracia, com a participação de todos e todas que se disponham a doar de seu
tempo e talentos na construção do bem comum. Um governo que promova a cultura da paz, que impeça a violência, que nunca use da tortura e da
guerra civil como bandeiras políticas. Que una novamente a Nação brasileira,
para que volte a ser vista com esperança pelos mais pobres e com respeito pela
comunidade internacional.
Apresento-me, pois, diante dos irmãos
e irmãs das mais variadas denominações cristãs, com a sinceridade e honestidade
que sempre presidiram minha vida e meus atos. A Deus, clamo como o salmista:
“guia-me com a tua verdade e ensina-me, pois tu és Deus, meu Salvador, e a
minha esperança está em ti o tempo todo.” (Salmos 25:5). E a vocês, peço
justiça, a justa apreciação de meus propósitos e o voto para concretizar essas
intenções num governo que traga o Brasil aos caminhos da justiça, da concórdia
e da paz.
Por Fernando
Haddad
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